Saber ler é muito importante, principalmente
em sociedades letradas como a nossa, afinal nos deparamos com textos o tempo
todo: nomes de ruas, livros, até as mensagens em redes sociais. Por esse
motivo, quem não sabe ler acaba sendo excluído de muitas situações sociais.
Mas
afinal... Como lemos?
No processo de
aprendizagem da leitura, temos duas fases: a primeira é quando aprendemos a
decodificar e compreender palavras de uma língua, associando-as aos sons
emitidos pelos nativos; a segunda, quando interpretamos o sentido dessas
palavras. Ou seja, na primeira fase lemos letra por letra, sílaba por sílaba,
palavra por palavra; enquanto na segunda aprendemos a compreender o sentido delas.
Oliveira (2004) os define como "aprender a ler" e "ler para
aprender", respectivamente. As pessoas que não conseguem compreender um
texto ficam limitadas, sem autonomia.
O primeiro tipo é muito comum nos
primeiros anos de alfabetização, entretanto, ainda pode ocorrer quando nos
deparamos com uma palavra desconhecida; seu lado negativo é que, quando
chegamos ao final de uma palavra, já não lembramos seu começo.
Ao passo que, no segundo, lemos a
palavra completa, ao olhá-la rapidamente. Por isso, não importa se a palavra
está fora de ordem, desde que sua primeira e última letras estejam no lugar
correto, que provavelmente será lida de forma correta.
Para
saber mais: Aspectos Linguísticos do Processamento da Leitura
Quando falamos de fatores
linguísticos, vários níveis de processamento podem ser destacados:
·
Fonológico: trata-se do sistema de sons de
uma língua, como o encontro consonantal, por exemplo;
·
Ortográfico: codifica o sistema de
representação de uma língua, relacionando-se fortemente ao nível fonológico;
·
Morfossintático: diz respeito à combinação de
morfemas dentro de uma palavra e de palavras dentro de uma frase e de um texto;
·
Semântico: refere-se às propriedades do
significado das línguas, como homonímia (palavras com a mesma pronúncia ou
grafia, mas significados diferentes) e antonímia (relação entre palavras que
possuem significados contrários);
·
Pragmático: relaciona-se à forma como as intenções
são expressas em determinado contexto, podendo ganhar interpretações distintas
dependendo dele, um exemplo é a ironia.
Aspectos
Cognitivos da Leitura
A
leitura acontece no cérebro, pois é ele que vai interpretar o que os olhos
enxergaram; e nossa interpretação varia de acordo com nossas experiências,
nossas vivências. Dessa forma, ela está relacionada à aprendizagem e aos
conhecimentos de uma pessoa. Contudo, ainda há muito a se descobrir sobre esse
assunto.
Tende-se
a caracterizá-la através da integração de informações, grande parte, dependente
do uso de estratégias, como:
Estratégia
ascendente (bottom-up): o significado está no
texto; a pessoa compreende o texto através da decodificação, geralmente
aplicado quando não se tem um conhecimento sobre o assunto, quando o texto é
difícil ou quando não se conhece o código;
Estratégia
descendente (top-down): a interpretação se inicia na
mente do leitor, que lê o texto para confirmar hipóteses que criou ao longo da
leitura. Esta estratégia ressalta também a compreensão e o conhecimento prévio
da pessoa que está lendo;
Estratégia
integradora: A leitura hábil seria uma frequente
integração entre os processos anteriores. Desta forma, o leitor compensa sua
defasagem em determinado nível por meio de conhecimentos adquiridos a partir de
outros níveis. Há uma interação entre leitor e texto e/ou integração de
habilidades que são ativadas simultaneamente no processo da informação.
Portanto, com a junção desses passos (aspectos linguísticos e
aspectos cognitivos), conseguimos uma maior facilidade na compreensão da
leitura para poder passar adiante o que aprendemos.
Referência:
SIQUEIRA,
Maity; ZIMMER, Márcia Cristina. Aspectos
linguísticos e cognitivos da leitura. Revista de Letras, nº 28 – vol. ½ - jan/dez,
2016.