Aspectos
linguísticos e cognitivos da leitura (Págs. 3 até 6) /
Grupo: ConjunTão ANTInominal
Maity
Siqueira*
Márcia
Cristina Zimmer**
Introdução
Aprender
a ler, a princípio, significa aprender a decifrar o signo, o código (ou seja, o
conjunto de sinais como letras, palavras e suas relações ao longo de um texto).
A decodificação é a primeira etapa do processo de aprendizagem de leitura e
consiste na capacidade que temos, quer seja como aprendizes de uma língua ou
leitor-escritor, para associarmos um signo gráfico a um nome ou a um som da
língua. Os processos iniciais que dizem respeito à decodificação e à
compreensão de palavras são indispensáveis na iniciação à leitura. No primeiro
ciclo do ensino fundamental, esses processos devem ser automatizados e,
portanto, bem assimilados, para que o leitor possa passar ao outro nível da
leitura, o “ler para aprender”.
Ler
para aprender acontece quando o processo de decodificação fica automatizado, e
então o leitor começa a atribuir um sentido àquilo que lê. A partir disso, o
leitor pode adquirir novos conhecimentos por meio da leitura. O indivíduo que
não alcança o estágio de ler para aprender apresentará bastante dificuldade
para viver em um universo de aprendizagem altamente letrado.
A
leitura requer o envolvimento do leitor, o texto, a interação entre leitor e
texto, o conhecimento prévio (conhecimento de mundo e conhecimento linguístico
do leitor) e o processo de compreensão da informação que envolve aspectos
cognitivos e a informação dada pelo texto.
Compreensão em leitura,
conhecimento prévio e memória
A
compreensão, que é considerada como o objetivo principal da leitura, pode ser
definida como um processo de construção do significado a partir das
experiências do próprio leitor, à medida que lê o texto original. Goodman
(1991), um estudioso da língua, define esse processo de compreensão em leitura
como "texto duplo". Essa noção vem quando duas pessoas de vivências
diferentes (um médico e um jardineiro, por exemplo), ao lerem o mesmo texto
sobre flores, terão compreensões diferentes, visto que cada um tem a sua
participação na construção do sentido do mesmo. Poersch e Amaral já dissertaram
acerca da inclusão e da importância das estratégias integradoras. Estas
estratégias unem os aspectos ascendentes (bottom-up)
– que defende a tese de que o significado reside no texto em si – e os
descendentes (top-down) – que enfatizam a interpretação e o conhecimento prévio
que o leitor tem sobre o assunto que está lendo e, principalmente, a predição
ao longo do texto – tornando a leitura algo realizado no próprio processo de
ler. Deste modo, dois processos básicos constituem a fluência na leitura: o de
decodificação e o de compreensão linguística.
Para
alcançar a proficiência, os leitores precisam aprender a lidar com esses dois
processos, de tal forma que o primeiro se torne automatizado e inconsciente
(porque este é algo adquirido, e, portanto, deve ser estimulado) para que a
atenção possa priorizar o processo de compreensão (algo já natural desde a
infância).
Na
decodificação de palavras por crianças em fase de letramento, destaca-se a
importância da sua automatização, principalmente pela capacidade limitada da
memória de trabalho. Esta, por sua vez, é responsável pelo armazenamento e
processamento simultâneos da informação decodificada.
No
vídeo abaixo, confira como está e como funciona a sua memória de trabalho
também conhecida por algumas fontes como memória de curto prazo:
Não
conseguiu lembrar os 10 dígitos? O negócio está feio ein! Mas não se preocupe,
você não é o único! A maioria das pessoas não consegue fazer isso. Pesquisas
conduzidas por Perfetti e Hogaboam (1978) apontam para uma intensa relação
entre a compreensão e a capacidade de decodificação mais rápida. Um leitor que
lê rapidamente um texto consegue ocupar um espaço menor na memória de trabalho,
que será utilizado para pensar no significado do que é lido e analisar a
mensagem do mesmo.
Segundo
Perfetti, três fatores influenciam na velocidade de decodificação de palavras:
·
Palavra vocalizada ou percebida visualmente
·
A experiência do indivíduo com as palavras que
lê
·
A capacidade de memória de trabalho
Aprimorando
estas habilidades, o leitor passa a “ler para aprender”, ao invés de “aprender
a ler” (Oliveira, 2004).
Leitura e construção do
conhecimento
A
leitura contribui grandemente para a construção do conhecimento que está sempre
aumentando e mudando. À medida que lemos, criamos automaticamente expectativas
sobre o que está por vir no texto (predição). Esta capacidade varia conforme os
conhecimentos prévios do leitor. As previsões podem ser confirmadas ou não;
isso irá depender mais do gênero textual que o leitor dispõe e também do autor
do texto. Numa tirinha, por exemplo, as previsões do leitor geralmente são quebradas
no final, sendo que num conto narrativo como uma fábula, isso pode ocorrer ou
não.
Como
os conhecimentos prévios são únicos, cada indivíduo irá compreender um mesmo
texto de maneiras diferentes, de acordo com sua subjetividade, caracterizando o
texto com um processo eminentemente ativo. Assim sendo, o leitor acaba se
tornando coautor do texto à medida que sua singularidade está contida na
compreensão do mesmo.
A leitura é ainda, atividade por parte do leitor
proficiente que interage em múltiplas relações com o texto durante a sua
construção de sentido através da utilização de diversas estratégias que
estabelecem esta relação (Zimmer et al., 2004,p.105).
Em
tese, verifica-se que o processamento da leitura depende de diversos fatores
cognitivos, mas, mais importante do que isso, são os aspectos motivacionais (os
objetivos que levam o leitor a optar por determinado tipo de texto).
Conclusão
A
partir desta análise, fica claro que além dos aspectos cognitivos e
linguísticos, é necessário atentar-se aos motivos (conscientes ou
inconscientes) que incentivam a leitura. Estes motivos variam do interesse
próprio do indivíduo à obrigação de ler para responder questões de um exame,
por exemplo. Cada leitor, de acordo com seus critérios classifica uma obra de
diferentes maneiras.
Tratando-se
da leitura, a mesma pode ser prazerosa ou não. É errado dizer que a juventude
atual não se interessa por leitura, já que inúmeros exemplos desmistificam tal
fato. O que é necessário rever são: a seleção de obras e abordagem feita na
disciplina específica.
Finalizamos
com uma frase do texto original importante para a nossa reflexão:
“Um maior
conhecimento sobre os aspectos
linguísticos
e cognitivos por parte dos professores pode
levar a
práticas inovadoras na forma como se lida com a
leitura na
escola, seja na fase inicial, em que o aluno
aprende a
ler, seja na fase proficiente, em que o aluno lê
para
aprender.”
Referência
SIQUEIRA, Maity; ZIMMER, Márcia Cristina. Aspectos linguísticos e cognitivos da
leitura. Revista de Letras, nº. 28 – vol. ½ - jan/dez, 2006.
O leitor interpretara um livro ou texto de acordo com seu conhecimento, quanto mais conhecimento este leitor tiver mais compreensão ele terá da obra que esta lendo, do mesmo modo é o sentimento que atribuímos quando lemos, o que definira se uma obra é prazerosa ou não é o sentimento do leitor enquanto se dedica a esta leitura, porem independente do sentido que atribuímos ou o sentimento que nos envolve durante uma leitura, nunca devemos ignorar o sentido e sentimento atribuído pelo autor a obra.
ResponderExcluirPor: Renata Batista Leite
O teste é interessantíssimo!!! O texto é bem resumido, faz ótima abordagem do tema leitura, ele também deixa explicito que a leitura se dá em duas formas, sendo uma em que aprendemos a ler e outra em que lemos para aprender, e faz todo sentido, afinal o que buscamos em uma boa leitura? Digamos que ler é um desafio, pois quantas coisas podem advir da leitura!!! Se torna ainda mais interessante ao descobrirmos que os textos se baseiam em estratégias, parece provocação, é como se eu estivesse sendo convidada à investigar os mistérios da leitura. E não deixa de ser, pois o leitor também é estrategista e utiliza suas armas(conhecimento enciclopédico, conhecimento linguístico). Nesse jogo da leitura não existe UM vencedor, ganha o autor quando com seu texto coeso e coerente consegue passar toda informação desejada, ganha o leitor, que amplia vocabulário, aprende com essa leitura e ainda se diverte!
ResponderExcluirPor: Só-Letrados
Para haver uma boa compreensão do texto é importante que o leitor tenha conhecimento linguístico, interacional, fazendo junção com seus conhecimentos prévios para dar sentido ao texto.
ResponderExcluirPor: Teoria dos Letrados