Vivemos
numa sociedade que se alimenta da circulação da informação, nomeadamente da
informação escrita e visual, e que distingue os seus membros pelos seus níveis
de acesso, bem como de capacidade de uso dessa mesma informação. Naturalmente,
atribui-se às capacidades de compreensão e de produção da escrita um interesse
cada vez mais proeminente e ao visual, algo de rápida decifração e compreensão
daquele que o vê. O ensino da Língua Portuguesa na área da literatura deverá
desempenhar um papel crucial neste contexto devido as grandes dificuldades que
hoje se encontram perante ao seu conhecimento. Quem nunca ouviu em uma aula de
literatura, colegas de sala pronunciarem as seguintes frases:
“Que livro chato, professora”.
“Eu
não estou entendo o que ele está dizendo”.
“Isso
aqui é Língua Portuguesa mesmo, professora? Não parece”.
A
literatura acaba sendo relegada a um segundo plano pelas dificuldades inerentes
ao seu ensino, ou seja, os textos de época, antigos, não atraem os alunos de
hoje, que passam a perceber erroneamente a literatura como uma atividade
maçante, totalmente desvinculada de seu mundo e de seus interesses, sejam eles
quais forem. Apesar das dificuldades, que são muitas, o professor de literatura
não pode simplesmente ignorar conteúdos fundamentais na formação do estudante,
tanto no plano do conhecimento como na sua consequente humanização através dos
textos literários, cabe assim buscar alternativas para tornar este ensino mais
atraente a todos os alunos em sala e não simplesmente desistir de realizá-lo.
Primeira
questão: verificarmos como a literatura vem comumente sendo trabalhada dentro
de uma sala de aula. Apesar de todas as discussões acadêmicas já feitas até
então, ainda predomina o ensino historiográfico e fragmentado, tendo como
enfoque a preparação para o vestibular “temeroso” vestibular. Assim, estuda-se
a sequência periodológica da literatura portuguesa, para depois estudar-se a
brasileira e etc. O trabalho é voltado mais para o conhecimento da escola
literária que propriamente da literatura, ou seja, o texto em si fica num
segundo plano. Memorizam-se as características do período literário, usando-se
fragmentos de textos em que eles transparecem, e alguns dados sobre o estilo de
um determinado autor da escola literária em que se investe nos estudos, quando
não meramente biográficos e altamente superficiais.
Podemos
partir de uma primeira premissa e reflexão a ponto de se perguntar: qual a
relevância desse conhecimento para o “temeroso” vestibular que o aluno irá
prestar? Os vestibulares das melhores universidades do país trazem conteúdos
sobre as obras literárias, mas não da forma como, em geral, vêm sendo ensinado
a literatura nas escolas brasileiras. Outro problema é o modo como os
professores trabalham a lista de obras de leitura "obrigatória", ao
tentarem fazer com que seus alunos leiam resumos que pretensamente
substituiriam a leitura integral das obras literárias. Seria o correto? Não,
pois tal resumo não supre as necessidades reais dos vestibulandos nem tampouco
se constitui verdadeiramente em aprendizagem de uma obra literária ou da
literatura em si.
Para
melhorar e aprimorar o ensino da literatura nas escolas do século XXI, será
necessário remodelar o profissional da área, ou seja, os professores e os seus
contatos com os meios tecnológicos. Fazer uso da tecnologia na
educação já é uma necessidade inadiável, reconhecida por todo profissional do
ensino que anda atualizado com as últimas tendências sobre o assunto. Dito
isso, no entanto, quanto ao ensino da literatura, é preciso se dar conta de que
a forma com que esse recurso deve ser empregado em sala de aula nem sempre é tão
claro. Usar ferramentas tecnológicas na escola, como fim em si mesmas, não é
bem o objetivo, de acordo? Sendo assim, vale a pena pesquisar e experimentar
para descobrir de que maneiras a tecnologia pode ser empregada para melhorar
efetivamente o aprendizado dos alunos e o dia a dia dos professores quanto ao
ensino da arte literária.
O grande desafio consistirá em transformar leitores
digitais semânticos em leitores críticos. Não bastando apenas fazer com que os
alunos decifrem o que estão lendo, mas principalmente consigam ser capazes de
identificar a construção, a ideologia e a intertextualidade de cada obra por
meio de um recurso comum como o computador, celular, tablete e o fácil acesso à
internet. Ao invés de limitarmos à apresentação cronológica das escolas
literárias por meios tradicionais (quadro negro e livros físicos), devemos aproximá-las
ao estudante através do que se é comum terem em suas mãos. Dando-os autonomia e
espaço com uma abordagem temática, escolhendo assuntos como amor, sociedade,
identidade, política e até mesmo a própria pátria a serem discutidas por entre
uma escola literária e outra e/ou obra de um determinador poeta. Visto que tais
temas são os mais comuns por entre os jovens de hoje em dia, com roteiros de
leitura, aulas inteiras incentivando a participação e a discussão dos temas
entre os alunos que serão conduzidos por um profissional que sabe lidar com
estes recursos.
Deste
modo, através da literatura trabalhada em sala de aula com o uso da tecnologia, o
aluno deverá aprender a usar a linguagem, a defender-se da linguagem, a
interagir através da linguagem, a intervir com os outros por meio da linguagem
com o uso da literatura. Este será o domínio, no ensino da literatura, para o sucesso noutras áreas/disciplinas e, no futuro,
para a integração na vida, pois por meio dela, seremos capazes de fazer um ser
humano mais humano.
(Grupo: Literatos
Modernos – Victor, Guilherme, Ísis e Eliézer)
REFERÊNCIAS:
MINISTÉRIO da EDUCAÇÃO
– Organização curricular e programas – 1.º Ciclo do Ensino Básico. 2ª ed.
Lisboa: Ministério da Educação/Departamento da Educação Básica, 1998.
MINISTÉRIO da EDUCAÇÃO
– Ensino Básico. Competências gerais e transversais. Lisboa: Ministério da
Educação/Departamento da Educação Básica, 1999.
SILVA, L. M.
– Estratégias de ensino e construção da aprendizagem na especificidade da
disciplina de Português, Língua Materna. In Caminhos da flexibilização e
integração – políticas curriculares. Actas do IV Colóquio sobre questões
curriculares. Braga, Universidade do Minho/Instituto de educação e Psicologia,
2000.