segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Origem e Concepção da Linguística



Grupo: Kickapoo
 
Olá,
No post de hoje, falaremos um pouco mais sobre a Linguística e seu surgimento, focando nas ideias de Saussure.


O homem sempre teve interesse em compreender a linguagem. Esse interesse se mostra presente em mitos, cantos e rituais antigos. Os primeiros estudos sobre a linguagem remontam do século IV a.C. e foram feitos por hindus que, com o intuito de preservar seus textos sagrados, passaram a estudar sua língua.
Não só hindus, como gregos e latinos demonstraram grande interesse em estudar a língua, compreender seu funcionamento e preservá-la. E foi assim que surgiram as primeiras gramáticas.
No século XIX, foi desenvolvido um instrumento importante para o florescimento das gramáticas comparadas e da Linguística Histórica. O estudo comparado das línguas evidenciou o fato de que elas são vivas e mudam com o tempo.
O erro da gramática comparada foi ignorar a natureza de seu objeto de estudo. Assim, não se perguntavam a que levavam as comparações que faziam entre as línguas e nem o porquê delas.
Em 1816, em uma obra chamada Sistema de Conjugação do Sânscrito, Franz Bopp estudou as relações que unem o sânscrito ao germânico, ao grego e ao latim. Bopp compreendeu que as relações entre línguas afins podiam tornar-se matéria de uma ciência ao todo.
Foi no início do século XX, com a obra Curso de Linguística Geral que a investigação sobre a linguagem – Linguística – passou a ser reconhecida como estudo científico.  A obra foi escrita por alunos de Saussure chamados Charles Baily  e  A. Sechehaye, com anotações feitas durante as aulas de linguística que ele ministrava na Universidade de Genebra.
“Antigamente, a Linguística não era autônoma, submetia-se às exigências de outros estudos, como a lógica, a filosofia, a retórica, a história, ou a crítica literária. O século XX operou uma mudança central e total dessa atitude, que se expressa no caráter científico dos novos estudos linguísticos, que estarão centrados na observação dos fatos de linguagem.” (FIORIN, 2003, p. 14).
Segundo Fiorin (2003, p.15), Saussure considerou a linguagem "heteróclita e multifacetada", pois abrange vários domínios; é ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica; pertence ao domínio individual   e   social;   "não  se  deixa  classificar   em nenhuma  categoria   de   fatos humanos, pois não se sabe como inferir sua unidade" (1969: 17).
Para Saussure, a língua é um sistema de signos que se relacionam de forma organizada dentro de um todo. Ela é a parte social da linguagem e obedece as leis do contrato social estabelecidos pelos membros das comunidades, por isso não pode ser modificada pelos falantes.
Já a fala é individual, é a realização concreta da língua pelo sujeito falante, sendo circunstancial e variável. Como a fala depende do indivíduo e se apresenta assistemática, ela é excluída por Saussure do campo de estudo da linguística.
Saussure “Define, então, o signo como a associação entre significante (imagem acústica) e significado (conceito). Ele diz que é fundamental observar que a imagem acústica não se confunde com o som, pois ela é, como o conceito, psíquica e não física. Ela é a imagem que fazemos do som em nosso cérebro.” (ORLANDI, 2009, p. 21).
 “A distinção linguagem/língua/fala situa o objeto da Linguística para Saussure. Dela decorre a divisão do estudo da linguagem em duas partes: uma que investiga a língua e outra que analisa a fala. As duas partes são inseparáveis, visto que são interdependentes: a língua é condição para se produzir a fala, mas não há língua sem o exercício da fala. Há necessidade, portanto, de duas Linguísticas: a Linguística da língua e a Linguística da fala. Saussure focalizou em seu trabalho na Linguística da língua, "produto social depositado no cérebro de cada um", sistema supra-individual que a sociedade impõe ao falante.” (FIORIN, 2003, p. 15).
“Outra distinção proposta por Saussure é a que separa a sincronia (o estado atual do sistema da língua) e a diacronia (sucessão, no tempo, de diferentes estados da língua em evolução). Ele exclui também a diacronia do domínio da linguística, considerando incompatível a noção de sistema e de evolução.” (ORLANDI, 2009, p. 23).

A organização interna da língua foi chamada de sistema por Saussure. O que foi denominado sistema por ele, seus seguidores chamaram de estrutura. E assim nasceu o Estruturalismo, uma teoria de análise linguística – herdeira das ideias de Saussure – que valoriza a ideia de que cada elemento da língua só adquire um valor quando se relaciona com o todo de que faz parte.
O método estrutural deu a Linguística a posição de ciência piloto das ciências humanas e ele foi muito bem sucedido até o nascimento de outras correntes linguísticas, como o funcionalismo, o estruturalismo americano e o gerativismo de Chomsky, mas isso é assunto para um outro post.
Então, por enquanto, isso é tudo, pessoal!
Até a próxima!



REFERÊNCIAS

- PETTER, Margarida.  Linguagem, língua, linguística. In: FIORIN, José Luiz (org.) Introdução à Linguística. Objetos teóricos. vol 1. São Paulo: Contexto, 2006/2007.

- ORLANDI, Eni Puccinelli. O que é Linguística. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.

3 comentários:

  1. É interessante entender que para Saussure o sistema de signos que se relacionam de forma organizada dentro de um todo. Pois isso nos leva a perceber que o signo não é algo totalmente isolado do todo.

    Grupo: LINGUÍSTAS DO SÉC XXI

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  2. Saussure foi e tem sido de extrema grandiosidade para os estudos da Linguística. É quase impossível falar sobre a concepção da linguística, sua importância e origem sem citar Ferdinand de Saussure. Em suma, mesmo que os estudos de Saussure tenha deixado algumas arestas em aberto para criticas por outros estudiosos é inegável o valor de seus estudos para o campo da linguagem.
    GRUPO: AMIGOS LETRADOS.

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  3. Saussure, estaria entre os primeiros linguistas a olhar cientificamente para o
    aspecto da seleção de elementos linguísticos no uso cotidiano da língua. Essas opções de escolha, tanto as de ordem sintagmática, como as paradigmáticas, seriam as responsáveis pelo funcionamento da língua como um sistema de valores. Ou seja, ao falar o usuário lida com todas essas relações, pois, do ponto de vista operacional, seria nisso mesmo que consistiria sua utilização. O cientista genebrino parece explicar com isso, não apenas as seleções terminológicas, mas todas as relações significativas. Uma vez que, para sua concepção de língua, o fator valor linguístico é essencial, é preciso analisar cada um desses eixos de relações.

    Grupo: SIA

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